Em agosto a Igreja oferece uma reflexão conjunta sobre a ‘VOCAÇÃO’, com a intenção de conduzir à DESCOBERTA ou AVIVAMENTO do papel pessoal de cada membro do Corpo Místico de Cristo e seu compromisso com o Povo de Deus e a sociedade.
Nesse mês se celebram as vocações sacerdotal, diaconal, familiar, religiosa e leiga, em sua multiforme possibilidade de serviço ao Reino. É um mês voltado para a reflexão e a oração pelas vocações e ministérios na Igreja, de forma a pedir a Deus para que todos os batizados “sejam fiéis como apóstolos leigos, como sacerdotes, como religiosos e religiosas, para o bem do povo de Deus e de toda a humanidade” (João Paulo II).
O QUE É VOCAÇÃO?
É preciso esclarecer que ao tratar de vocação ou mesmo de ‘cultura vocacional’ quase sempre se tem em mente os ministérios ordenados ou a Vida Consagrada. Vocação é um termo derivado do verbo vocare, que em latim significa ‘CHAMAR’. Entendida como uma inclinação, um talento, uma qualidade, a vocação predispõe a pessoa para uma determinada profissão, por exemplo, vocação de pedreiro, de mãe, de médico. Mas sob um olhar místico, vocação é o início de tudo.
Vocação, em sentido mais preciso, é um ‘chamamento’, uma CONVOCAÇÃO vinda diretamente sobre mim, endereçada à minha pessoa. Para a fé cristã esse ‘chamado’ parte de Jesus e num primeiro instante atrai o indivíduo a uma ligação toda própria e única com Ele, que chama a segui-Lo (Mc 2,14).
Isso significa que anterior a mim há um chamado, uma escolha pessoal que VEM DE DEUS. A Ele dou minha resposta ao decidir servi-Lo com total empenho, como afirma o Apóstolo da Nações já nas primeiras palavras de sua Carta aos Romanos: “Eu, Paulo, servo de Jesus Cristo, apóstolo por vocação, escolhido para o Evangelho de Deus.”
TODO CHAMADO EXIGE UMA RESPOSTA
Como todo ‘chamado’ exige uma resposta, a liberdade dada por Deus à criatura amada deixa-a à vontade para dizer o seu ‘SIM’ ou o seu ‘NÃO’. Ambos têm suas consequências profundas na REALIZAÇÃO pessoal, na FELICIDADE do indivíduo e na TRANSFORMAÇÃO do mundo. Certo é que nem a percepção do chamado, nem a resposta a ele são tão fáceis e tão “naturais”: exigem afinidade com o divino, sintonia e elaboração.
Sem isso não há resposta que traga felicidade, nem sequer se pode dizer que o anseio do coração é, de fato, uma ‘vocação’. Quando RECONHECIDA, DISCERNIDA e RESPONDIDA com empenho de vida a vocação cristã conduz à perfeição da caridade, que é a essência da vocação universal à santidade.
COMO POSSO RESPONDER A ESSE CHAMADO?
É urgente que se apresentem às pessoas, especialmente aos jovens e adolescentes, os DIFERENTES CAMINHOS do serviço do Senhor e do seu Reino: como leigos engajados nos diversos âmbitos da vida social; casados que assumem com fidelidade o compromisso do matrimônio; homens e mulheres consagrados por causa do Reino dos Céus (Vida Religiosa e Vida Consagrada); e Ministros Ordenados a serviço do povo (diáconos e padres), nas diversas comunidades de fé.
De fato, é necessário que nas diversas dimensões da vida social hajam pessoas leigas comprometidas com sua fé, dispostas a cooperar em construir um mundo melhor para as futuras gerações, como também é imprescindível agentes com singular consagração a Deus, homens e mulheres dedicados de maneira exclusiva e radical à causa do Reino.
COMO OUVIR A VOZ DE DEUS?
Abrão foi conduzido ‘para fora’ por Aquele que lhe ‘falava’ (Gn15,5); não podia e não devia permanecer ‘dentro de sua tenda’, dos seus pensamentos profundos e de suas previsões mesquinhas. Deus o faz ir para fora da tenda, olhar e contar as estrelas do céu. Trata-se de uma provocação forte para quem está estrategicamente acostumado a manter o olhar voltado um pouco para baixo, esquivando-se do projeto sempre majestoso que Deus tem. É imagem que confronta aquele que tem um coração capaz de olhar para o alto e quem, ao invés, continua com o coração endurecido(Os11,7).
O amoroso apelo de Deus é como SEMENTE abrigada no chão da vida. Um dia descoberta por Abraão, nele brotou e encontrou condições favoráveis para frutificar na história de um povo, que em meio às suas vicissitudes conseguiu cultivá-la para se constituir como ‘Povo de Deus’.
A este povo as promessas, com esse povo a Aliança, desse povo o Salvador, através desse povo ‘Deus Conosco’ continua se revelando e promovendo libertação: a partir daquela primeira comunidade dos discípulos de Jesus e, em seguida, do envio missionário do Mestre, a semente do Evangelho se espalhou e se fez fecunda.
Portanto as urgências do apelo divino não se encontram primeiramente nas grandes elucubrações, nas experiências místicas, nos documentos, no papel, mas no campo da vida, ou seja, na ‘voz’ que chamar a ‘sair’ e ‘olhar’ para além de si mesmo.
VOCAÇÃO FRANCISCANA: FRADES MENORES MISSIONÁRIOS
A serviço da Igreja e trilhando naquela inspiração oferecida a ela como dom através do ‘Pobrezinho de Assis’, a Família dos Frades Menores Missionários tem por certo que a inevitável atração do TESTEMUNHO possui a força de despertar os corações dos batizados para o Chamado de Deus, seja como leigos atuantes para a transformação da sociedade através dos valores evangélicos, seja para as necessidades pastorais da Igreja, como também despertar para aquela dedicação radical na Vida Consagrada ou no Sacerdócio ministerial.
Por isso, convictos de sua escolha e acreditando nesse ramo de inspiração divina, os Frades Menores Missionários não deixam de incentivar e promover trabalhos vocacionais através de pastoral, serviço de animação vocacional paroquial ou mesmo congregacional FMM, incluindo-se o ramo feminino.