Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
Neste domingo, celebramos em comunhão com os catequistas e outros ministérios que edificam e constroem nossa comunidade como sinal vivo do Reino. No Evangelho, Jesus respondendo a uma pergunta angustiante de uma pessoa não identificada (alguém): “Senhor são poucos os que se salvam?” Afirma: “Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita.
Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão.” Não definindo o número e a quantidade dos salvos, Jesus focaliza a questão da qualidade e autenticidade do nosso seguimento. Muitos acham que cumprindo preceitos rituais (comemos e bebemos diante de ti), basta para agradar ao Senhor. Jesus ensina que a salvação é universal, homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, porém implica num processo de conversão e prática da justiça, um amor eficaz e coerente, servindo aos pobres e pequenos.
A salvação não se compra, nem é adquirida por comportamentos externos de fachada, exige uma mudança radical de coração, tornando nosso olhar compassivo e misericordioso. Não adianta ser cristão do Ibope ou de eventos de caridade domingueira. A fé, que salva, requisita gratuidade e entrega total, colocar-se como instrumento e ser servo inútil para que Jesus opere através de nós e apesar de nós.
Libertemo-nos da religião de resultados e do placard eclesiástico que nos auto-afirma. Jesus não quer uma Igreja auto referenciada, assumindo o centro das atenções e buscando o poder, mas uma Igreja despojada, serva e pobre, que, vestindo o avental e a toalha, limpa os pés da humanidade ferida e sofredora.
Num tempo de falsos messianismos, que apregoam a religião do domínio e da prosperidade, Jesus nos convida a entrar pela porta estreita da justiça restaurativa, do serviço humilde, da mansidão não violenta que vence o ódio, a arrogância e a soberba dos auto-suficientes e afluentes que não enxergam além do seu nariz. Por uma catequese que nos apaixone, nos torne seguidores e missionários da ternura e misericórdia do Senhor. Deus seja louvado!
FONTE: CNBB