Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba (MG)
As pessoas humanas são as construtoras dos ambientes de convivência. Com muita sabedoria e capacidade, conseguem criar as bases de sustentação para a vida, seja humana, como também animal e vegetal. Atualmente esse caminho de construção conta com o avanço da tecnologia em alta escala, podendo contribuir, de forma impressionante e saudável, com uma realidade confortável.
Em um olhar mais bíblico, a ressurreição de Jesus Cristo possibilitou aos apóstolos realizar determinados critérios de ação. Convenceram-se do compromisso que o Mestre lhes tinha confiado. Eles deveriam anunciar, com testemunho pessoal, a Palavra de um Deus vivo e presente na comunidade dos primeiros cristãos. E foram testemunhas oculares das aparições de Jesus ressuscitado.
Outro critério de ação dos apóstolos, e dos cristãos de hoje, está firmado no amor com que são assumidos os trabalhos para o bem das pessoas. Isto constituiu a prática de Jesus, incutida na vida de seus seguidores, que deve prosseguir na história das pessoas. A vivência do amor tem como exigência fundamental a realização da justiça, fortalecida pela caridade e os bons propósitos.
Na construção de um Brasil melhor, e isso é possível devido à sua potencialidade, necessitamos de um itinerário marcado pelos critérios éticos da responsabilidade. Mesmo estando conscientes da existência de uma cultura econômica de concentração, é fundamental proclamar a possibilidade de uma história diferente, de mais partilha e diminuição da grande distância entre os ricos e os pobres.
Jesus veio proclamar uma realidade nova, falando de “novo céu e nova terra”. É como a recriação de uma nação diferente, onde cada pessoa humana é valorizada na sua dignidade. Mas isso não está acontecendo, porque vemos tantas pessoas vitimadas pelo progresso, que deveria dar mais condições de vida digna para os cidadãos. É o caso dos desastres de Mariana e Brumadinho, da Vale.
Os sofrimentos de Jesus Cristo, acontecidos principalmente na realidade da Paixão e vivenciados na Semana Santa, continuam presentes na vida de muita gente dos novos tempos. Sofrimentos que atingem comunidades inteiras, deixando a marca da indignação, porque, em muitos casos, são frutos de administração irresponsável, sem critério de ação que levasse em conta o direito das pessoas.
Fonte: CNBB