Os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública indicam que 81,2% das pessoas assassinadas no Brasil em 2016 tinham entre 12 e 29 anos. Esse retrato da violência contra a juventude brasileira é objeto de reflexão da Campanha da Fraternidade 2018, que propõe o tema “Fraternidade e Superação da violência”. A Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, por meio de uma de suas equipes de trabalho, contribuiu para a construção do caderno “Jovens na CF”, o qual apresenta quatro encontros com temáticas ligadas à vida da juventude: Estrutura política e social de desigualdade; Um novo olhar para os rostos vitimados; Mídias sociais promovendo a fraternidade; A vida em plenitude.
“Com esses temas os jovens desejam manifestar para a sociedade a indignação com o sistema corrupto que ceifa a dignidade e a vida das diversas juventudes do Brasil”, explica o assessor da Comissão para a Juventude da CNBB, padre Antônio Ramos do Prado.
O padre explica que a Comissão tem feito o trabalho de ouvir os jovens e acompanha-los no seu processo de formação integral, no amadurecimento da fé e na elaboração do projeto de vida. “Ela sabe que investir e acompanhar os jovens provavelmente terá uma sociedade mais justa e fraterna”, considera. Para a Comissão, a cultura de paz só é possível quando o ser humano reconhece que a outra pessoa tem direitos que precisam ser respeitados. E todo jovem traz dentro de si o dom da paz, pois é dado por Deus no ato da criação. Aos adultos é feito o convite a alimentar e desenvolver o “dom preciso” presente no coração de cada jovem. “Os jovens têm o desejo de viver a vida em plenitude. São abertos ao novo. Buscam modelos a ser seguido. Sonham com a Civilização do amor. Para que tudo isso se realizem a sociedade precisa fazer a sua parte”, conta padre Antônio, que tem feto contato direto com os jovens nas assessorias e articulações da Pastoral Juvenil. A equipe que preparou o caderno Jovens na CF é um dos grupos de trabalho na estrutura da Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB. Ela é composta por dez jovens que representam expressões juvenis da Igreja no Brasil, como Congregações, Pastorais da Juventude, Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades.
Ação Prática – Uma ação concreta no contexto da Campanha da Fraternidade 2018 é o projeto Rota da Vida, como ressaltou o bispo de Imperatriz (MA) e presidente da Comissão para a Juventude, dom Vilsom Basso. O projeto visa a valorização da vida e combate à violência, dá mais um passo no aprofundamento da realidade juvenil e visa trabalhar a realidade local junto ao público que lida diretamente com a juventude: professores, educadores, lideranças católicas e famílias. A iniciativa chega ao segundo seminário, que acontece hoje, 9, na arquidiocese de Natal (RN). Uma das capitais brasileiras que tem números preocupantes de violência juvenil. Dados indicam cerca de 300 homicídios em menos de três meses no ano de 2018, colocando a capital com índices comparados a crimes de guerra. A capital potiguar tem passado também por recorrentes crises penitenciárias. Durante o evento, o doutor em Pedagogia Social e membro da cátedra da Unesco, professor Geraldo Caliman, voltará a assessorar a iniciativa. No primeiro seminário, ele ressaltou que “é preciso unir forças para acompanhar as mudanças e para promover a vida acima de tudo, bem como relevar a importância desse seminário como um ímpeto missionário, para debater, confrontar e ir muito além dos números”. Assim, é preciso de fato conhecer a origem desse mal social e ajudar na promoção de Políticas Públicas, tornando a Juventude local que recebe o seminário protagonista da mudança, amenizando ou até solucionando esse problema que aflige a sociedade.
Foto: https://www.icm-sec.org.br/mensagem-do-papa-francisco-para-a-jornada-mundial-da-juventude-2017/