ASSEMBLEIA 2018 dos Frades Menores Missionários
TEMA: Aprofundamento da nossa Espiritualidade Franciscana na retomada da Regra, do Testamento e das Constituições dos FMM.
LEMA: “É isto que eu quero, é isto que eu procuro, é isto o que desejo fazer de todo o coração” (S. Francisco de Assis, cf. 1Cel )
FRAGMENTOS DA CARTA CIRCULAR N.º 27
Foi o próprio Senhor Jesus que nos propôs no seu modelo de oração – o Pai Nosso – esta petição: O Pão nosso de cada dia nos dai hoje! Em seguida nos falou abundantemente sobre o sentido deste Pão substancial no assim chamado Discurso Eucarístico (Jo 6). Mesmo diante do possível escândalo que se tornou sua promessa para muitos judeus, Jesus não retrocede sobre o realismo da sua presença Eucarística, arriscando-se, por assim dizer, a ficar abandonado! Mas encontrou na afirmação de fé por parte de Pedro o eco perene da fé de toda Igreja: “Senhor, a quem iremos? Tu tens Palavra de Vida Eterna!” (Jo 6, 8). A promessa enfim se realiza na Instituição da Eucaristia e na sua Morte e Ressurreição, atestadas pelos Evangelhos Sinóticos e por S. Paulo, afirmando que a recebeu como Tradição Apostólica. E alertando para o perigo de se receber indevidamente este Sacramento, assim esclarece o Apóstolo do realismo do Pão e do Vinho eucaristizados: “Portanto, quem comer o Pão e beber o Cálice do Senhor indignamente, é réu do Corpo e do Sangue do Senhor” (1Cor 11, 27)…
…Convençamo-nos não haver tempo melhor empregado em nosso favor e para a Igreja do que aquele passado em fervorosa adoração a Jesus realmente presente na Eucaristia. Visitemos frequentemente o Divino Amigo Jesus, presente em nossos tabernáculos, pois, “onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração”(Mt 6, 21)…
…São João Paulo II, que nos brindou com tantos textos belíssimos sobre a Sagrada Eucaristia, escrevendo a nós, Consagrados, deixou-nos este brilhante e contagiante apelo à busca do Santíssimo Sacramento em nossas vidas: Em primeiro lugar, a Eucaristia, onde “está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, a nossa Páscoa e o pão vivo que dá aos homens a vida mediante a sua carne vivificada e vivificadora pelo Espírito Santo”. Coração da vida eclesial, a Eucaristia é-o também da vida consagrada. A pessoa chamada, pela profissão dos conselhos evangélicos, a escolher Cristo como sentido único da sua existência, como poderia não desejar instaurar com Ele uma comunhão cada vez mais profunda por meio da participação diária no Sacramento que O torna presente, no sacrifício que atualiza o seu dom de amor do Gólgota, no banquete que alimenta e sustenta o Povo de Deus peregrino? A Eucaristia, por sua natureza, está no centro da vida consagrada, pessoal e comunitária. É viático quotidiano e fonte da espiritualidade do indivíduo e do Instituto. Nela, cada consagrado é chamado a viver o mistério pascal de Cristo, unindo-se com Ele na oferta da própria vida ao Pai, por meio do Espírito. A adoração assídua e prolongada de Cristo presente na Eucaristia permite, de algum modo, reviver a experiência de Pedro na Transfiguração: « É bom estarmos aqui! ». E na celebração do mistério do Corpo e do Sangue do Senhor se consolida e incrementa a unidade e a caridade daqueles que consagraram a Deus a sua existência.
Nosso querido Papa Francisco tem também admoestado à devida veneração pela Eucaristia. Além de seu apreço pessoal pela Eucaristia, dedicando diariamente um momento prolongado de adoração vespertina, nos propõe várias vezes a retomada da importância do Sublime Sacramento para a resposta ao apelo de santidade, como na sua recente Exortação Apostólica “Sobre a chamada à santidade no mundo atual”: O encontro com Jesus nas Escrituras conduz-nos à Eucaristia, onde essa mesma Palavra atinge a sua máxima eficácia, porque é presença real d’Aquele que é a Palavra viva. Lá o único Absoluto recebe a maior adoração que se Lhe possa tributar neste mundo, porque é o próprio Cristo que Se oferece. E, quando O recebemos na Comunhão, renovamos a nossa aliança com Ele e consentimos-Lhe que realize cada vez mais a sua obra transformadora…
…Por último, gostaria de acrescentar algumas palavras da experiência com a SSma. Eucaristia de S. Pio de Pietrelcina, que foi chamado “o São Francisco do Século XX”:
O que mais me atinge e fere, meu pai, é o pensamento sobre Jesus Sacramentado. O coração se sente como que atraído por uma força superior, antes de unir-se a Ele pela manhã no Sacramento. Tenho tal fome e sede antes de recebe-lo, que pouco falta que eu não morra de anseio, justamente por não poder-me unir a Ele; às vezes, com ardente febre, sou impelido a procurar alimentar-me de sua Carne. E esta fome e sede, ao contrário de atenuar-se, após tê-lo recebido no Sacramento, aumenta ainda mais (Epist. I, 217).
Só lhe digo que as batidas do coração, quando me encontro com Jesus Sacramentado, são muito fortes. Parece-me que às vezes que queira mesmo sair do peito. Quando estou no Altar, as vezes me sinto de tal forma um ardor por todo o ser, que nem consigo descrever-lhe. (Epist. I, 134).